Resumo A partir da veiculação de notícia sobre o estupro de uma criança de 9 anos na aldeia Bororó, em Dourados-MS, este artigo problematiza a forma como a diversidade cultural dos povos indígenas é textualizada no telejornal local MS Record. Sob a perspectiva discursiva de orientação francesa, aliada ao estudo de práticas sociais, analisa o modo como a mídia televisiva, ao colocar em questionamento aspectos da identidade cultural indígena - mediante sua suposta unicidade e legitimidade - promove um ataque aos direitos humanos e à diversidade, sobretudo pela contestação de “privilégios” dados aos indígenas. Entre as relações de poder inerentes ao discurso jornalístico e a historicidade do acontecimento em estudo, há o apagamento do próprio crime, relacionado à (falta de) indianidade. Em última instância, há a disseminação de um discurso preconceituoso e discriminatório sobre os indígenas, sobre a forma como são entendidos pela justiça e pelos órgãos de proteção a esses povos.
Abstract Based on news of the rape of a 9-year-old child at Bororó village, located in the city of Dourados, State of Mato Grosso do Sul, Brazil, this paper discusses how the cultural diversity of indigenous peoples is textualized in MS Record, the local TV news program. Supported by the French Line of Discourse Analysis and the study of social practices, this research analyzes how the television media, when questioning some aspects of the indigenous cultural identity through its supposed uniqueness and legitimacy, strikes out at the human rights and diversity, mostly contesting “privileges” given to indigenous people. Among the power relations inherent to the journalistic discourse and the historicity of the analyzed event, there is a effacement of the crime itself in relation to the (lack of) indianity. Ultimately, there is a dissemination of a prejudiced and discriminatory discourse towards them, particularly about how the courts and Brazilian indigenous protection organizations understand their own native people.
Resumen Desde la difusión de noticia sobre la violación de niño de 9 años en aldea Bororó en Dourados - Mato Grosso do Sul, Brasil, este artículo problematiza la forma como la diversidad cultural de pueblos indígenas es textualizada en el telediario de noticias local llamado MS Record. Bajo el enfoque discursivo de orientación francesa, asociado con estudio de practicas sociales, analiza como la media de la televisión, cuando cuestiona aspectos de la identidad cultural indígena, delante de su supuesta unicidad y legitimidad, promueve un ataque a los derechos humanos y a la diversidad, especialmente por la contestación e “privilegios” concedidos a indígenas. Entre las relaciones de poder inherentes al discurso periodístico y la historicidad del acontecimiento en estudio, hay un borramiento del propio crimen relacionado con la (falta de) indianidad. También hay diseminación de un discurso de preconcepto y discriminación sobre los indígenas, sobre la manera como son entendidos por la justicia y por las instituciones de protección a eses pueblos.